Nos artigos anteriores vimos que a CNV usa habilidades de comunicação que nos auxiliam a mantermos a empatia mesmo em situações de conflito.
Essencialmente ela é baseada em 4 componentes: a observação, o sentimento, a necessidade e o pedido. Esses componentes podem ser obtidos a partir de 4 perguntas [1]:
- O que há de errado? (observação)
- Como você se sente com isso? (sentimento)
- O que você precisa? (necessidade)
- O que você quer? (pedido)
Essas questões não necessariamente precisam ser verbalmente expressas, mas precisam ser conscientemente obtidas, fornecidas ou trocadas.
Em uma sala de aula na qual foi construído um ambiente propício à expressão dos diferentes contextos socioeconômicos e culturais de seus integrantes, o conflito é um cenário esperado e para o qual professores devem estar preparados.
O exercício para os educadores é sermos grandes observadores de uma situação (observação) para entendermos como ela nos afeta (sentimento). Só assim poderemos expressar claramente nossas demandas (necessidade) para que o outro as acolha (pedido).
Um exemplo da aplicação da CNV bem rotineiro no trabalho de qualquer professor é a conversa paralela não relacionada ao tema da aula. Que educador nunca passou por isso, não é mesmo?
Sabemos que ela incomoda o professor e atrapalha o desenvolvimento das atividades e, por conseguinte, o desenvolvimento dos alunos. Sobre essa situação, veja um exemplo de uma possível intervenção docente aplicando os componentes da CNV:
“(Nome dos alunos diretamente envolvidos), quando vocês conversam durante minha explicação, vocês atrapalham o desenvolvimento da atividade (observação). Eu me sinto desrespeitado (sentimento). Preciso que vocês prestem atenção aos comandos das atividades (necessidade). Vocês poderiam aguardar o intervalo para esse tipo de conversa (pedido)?”
A fala respeitosa e privada construída sobre esses alicerces cria janelas de possibilidades para uma relação de trocas muito enriquecedora e saudável entre alunos e professores.
Na próxima postagem trarei um exemplo de aplicação dos componentes da CNV na mediação de um conflito entre alunos. Até lá!
[1] Comunicação não-violenta. Marshall B. Rosenberg.