Tenho ouvido muito sobre a Comunicação Não-Violenta, a CNV [1]. Entretanto, o que efetivamente é a violência?
A Organização Mundial da Saúde (OMS) tipifica a violência em 9 grupos [2] que, apesar de diversos, apresentam uma característica comum: impedir o outro indivíduo de exercer a liberdade de ser quem ele é [3].
Como professora, me preocupo em traduzir isso para o contexto da sala de aula. Nela, impedir o outro de expressar seu ser representa, além de um ato violento, a eliminação da diversidade, ignorando os contextos sociais e as particularidades individuais dos alunos.
A sala de aula tem como premissa ser um ambiente que apresenta seres provenientes de diferentes contextos socioeconômicos e culturais, o que eu traduzo didaticamente como diferentes lugares de partida. O objetivo do processo ensino-aprendizagem é que todos esses seres cheguem a um lugar comum.
Essa chegada a um lugar comum a todos não deve ser entendida como a remoção da diversidade, pois ela representa a obtenção de um grau de conhecimento que seja similar entre os envolvidos no processo, porém significativo dentro de cada contexto pessoal.
Conhecimento, para ser significativo, não apenas deve respeitar, mas valorizar os “lugares de partida” dos alunos, os seus conhecimentos prévios, suas vivências de mundo. Só assim esse “lugar comum” em que os alunos devem chegar será realmente um lugar enriquecedor para todos.
Eu, como professora, me considero a grande facilitadora desse processo. Como profissionais nós, professores, precisamos nos mostrar abertos e dispostos a:
- Criar espaços seguros para a expressão dos contextos socioeconômicos e culturais dos alunos;
- Traçar estratégias para lidar com esses diferentes contextos; e
- Valorizar essas particularidades.
Só assim os conteúdos passam a fazer sentido.
Como profissionais responsáveis, devemos ser conscientes de que, estando inseridos em uma sociedade violenta, somos todos violentos e precisamos efetuar uma mudança qualitativa nas nossas atitudes [3].
Segundo Arun Gandhi, não se pode construir a paz sobre os alicerces do medo [1], por isso, nós professores precisamos nos dedicar à construção de um ambiente seguro, onde a externalização da diversidade seja encorajada e possível.
A CNV é um caminho para isso. Te convenci a querer saber um pouco mais sobre ela? Espero que sim.
Te vejo no próximo post. Até lá!
[1] Comunicação não-violenta. Marshall B. Rosenberg.
[2] Tipologia da Violência. Centro Estadual de Vigilância em Saúde.
[3] Comunicação Não-Violenta. Podcast Mamilos de Julho de 2019.